Salaam, Ça Va!

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domingo, 25 de outubro de 2009

Verdade seja dita: Marx está em voga de novo. Ultimamente tenho ouvido falar deste barbudo alemão muito! Bom, pra pensar em Marx, Marxismo e Marxianismo (sim, existem diferenças!) é preciso analisar todo um contexto no qual ele está inserido.

Como eu havia dito em uma outra vez que escrevi, e promessa é dívida, vamos pensar na situação do trabalho no mundo pós-feudal. Em seus estudos, nosso nobre Karl Marx afirmou que a classe com maior potencial revolucionário era a classe operária urbana. Digo operária urbana porque há, sim, operários rurais. Ah, me perdoem os puristas da teoria, mas pela etimologia ‘operário’ vem de opera em latim. Significa obra. A partir do momento que a pessoa transforma a matéria prima através do trabalho ele é um operário. Deixando a preocupação com a palavra de lado, voltemos ao assunto…

…Não é raro – lógico, pra quem curte História – se perguntar: se SEMPRE houve opressão, porque só na Revolução Francesa foi que se tentou quebrar isso? Me fiz essa pergunta várias vezes, até que encontrei vestígios da insatisfação muito anteriores à Revolução.

paysanstravailchamp OS CAMPONESES, vistos como os coitados da História, cuja força produtiva foi sugada até o tutano pelo modo de produção feudal, motivaram pena nos teóricos do marxismo. Afinal de contas, não percebiam a exploração porque ela não era evidente: as relações rurais não demonstram (opa! Isso é bem polêmico) a mais-valia, item indispensável ao potencial revolucionário. Trocando em miúdos, como falar em uma revolução camponesa?

Bom, de fato, elas existiram. E durante anos foi um calo no sapato dos marxistas que se debruçavam – poucos, é bem verdade – nos meandros medievais. Achou-se a solução perfeita: reduzir as revoltas campesinas à movimentos de sedição (pequenos grupos) de característica nativista (normalmente se rebelando contra medidas particulares ou situações particulares). Na época em que aconteceram as primeiras, receberam o termo pejorativo de jacquerie. Pejorativo porque deriva do nome próprio Jacques (seria equivalente ao nosso José); uma revolta comum de pessoas comuns com causas medíocres.

Elas passaram boa parte da Idade Moderna acontecendo. Martinho Lutero, franciscano de carterinha e protestante por fama topou com uma revolta camponesa em 1525 liderada por Thomas Münzer, a qual rendeu uma belíssima frase: “O camponês que se rebela contra seu senhor é como um cão que morde a mão de seu amo: deve ser morto”.

…mas a gente continua vendo isso…

2 comentários:

Por Afonso Bezerra disse...

Grande Albino.

E quando a gente fala do lado oriental da Idade Média, podemos considerar a Revolta de Nika como um movimento de insatisfação semelhante aos Jacqueries???


Abração, querido!!!

MarítimaR disse...

Adorei isso aqui Bino!