Olá meus caros!
VOCÊS viram a mais recente presepada ocorrida no interior paulista? Não? Então, leiam isso. Resumindo - embora eu acredite que a idéia fala por si só - há uma nova modalidade praticada por estudantes da UNESP: o Rodeio de Gordas. A atividade consiste em:
- Escolher uma vítima
- Surpreendê-la agarrando-a por trás
- permanecer 'engatado' a ela o máximo possível.
Bizarro, não? Te digo que é mas, infelizmente, não é incomum. Há, de fato, uma preocupação cada vez maior com a construção de uma Beleza insofismável, indiscutível e, lógico, adquirível. Este episódio só ressalta algo que muitos vêm se questionando: a banalização das relações humanas. Hannah Arendt, autora de A Condição Humana (infelizmente só achei em inglês, mas vale a pena) separa claramente a natureza humana da condição humana. Para ela, esta condição é uma imposição do homem ao homem para sua sobrevivência e, como tal, somos condicionados por duas instâncias:
- Pelos nossos atos, pensamentos e ações (o que poderíamos chamar de 'aspectos internos')
- Pelo contexto histórico, familiar, religioso e de convivência (os 'aspectos externos')
Quando fala sobre a relações de trabalho, Hannah diz algo que muito chama atenção: “Num mundo estritamente utilitário, todos os fins tendem a ser de curta duração e a transformar-se em meios para outros fins.”(Arendt, 167). Eu me peguei pensando: Será que algo que leva rapazes bem nascidos (sim, como os eupátridas gregos ou a eugenia nazista) a praticarem algo tão pouco humano não estaria ligado a isto? A objetivação das pessoas passa por isso que Arendt diz: uma eterna busca pela finalidade...e acho que minha resposta (não sei a de vocês mas seria muito bom saber) mora nessa sensação de tornar tudo finalidade para outras finalidades. "Trabalho muito para conseguir dinheiro...ter dinheiro para ter minha casa...ter minha casa para poder parar de pagar aluguel e poder investir em mais casas...ter mais casas para, quando puder, parar de trabalhar".
"monto em gordinhas para que meus amigos me vejam como 'o cara'...meus amigos me vendo como o cara, as mulheres me verão assim também...se elas me virem assim, elas montarão em mim." - Se meu raciocínio estiver errado, me corrijam!
"Para o sapo o ideal de beleza é a sapa."
François-Marie Arouet (Voltaire)
2 comentários:
A idéia da "finalidade" me levou a refletir sobre outro ponto: a rotina. Essa vida "utilitária" anula o inesperado em nossas vidas e todas as nossas ações perpassam por uma programação. Logo, sempre realizamos as mesmas coisas, do mesmo jeito e não percebemos, porque o nosso foco está num horizonte ideal(sim, platônico) e que nos fornece a energia para essa prática cega da rotina.
Sem dúvida Afonsão. A 'teleologia' é uma coisa inevitável e, em alguns aspectos, bem vinda. Veja bem, ALGUNS ASPECTOS.
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Bertold Brecht disse, certa vez, que devemos nos indignar. Tornar absurdos algo 'natural' ou ordinário reduz a nossa humanidade. Afinal de contas, mesmo que a filosofia, sociologia, antropologia e outras 'ias' que tentam entender o ser-humano se debatam para saber qual a 'condição humana', o fato é que somos o que somos por nossa capacidade de indignação: com nossa própria forma, com nossas limitações físicas, espirituais, materiais...
Indigne-se. Faz bem.
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