Salaam, Ça Va!

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quarta-feira, 5 de março de 2008

...uma breve pausa, a pedido de um amigão!

Aê povo!

Um amigão meu dos tempos de colégio fez uma observação massa: Eu rasguei a maior seda pra Che Guevara. De fato, este é o tom que os 'revolucionários' (hahaha!) usam para falar dele. Eu, pessoalmente, não acredito na dimensão dualista que a História ganha nessas horas. É mais ou menos como no Teatro, cujo recurso favorito é a redução das tramas a elementos compreensíveis: o mocinho ou o bandido. Che é complexo assim como qualquer pessoa é! Incoerente, cabeça-dura...não digo que a reportagem da Revista Veja tenha sido comprada ou algo do tipo. Eles exibem a face que se quer exibir, o que é bastante normal. Principalmente quando se trata de ícones. Guevara foi escolhido por mito da Revolução porque ele tinha uma dosagem de carisma que caia muito bem para Fidel...e ter morrido como morreu, em uma emboscada durante um ato guerrilheiro só aumenta este carisma.
Lógico que, pela posição que ocupava e por suas convicções políticas mesmo, Che passa longe de um 'livre pensador' - característica marcante dos ditos humanistas. Foi carrasco, não era bom com táticas militares, foi responsável direto por um sem fim de mortes vãs, não teve o menor respeito pela família que constituiu e abandonou em Cuba (ironicamente, a filha dele hoje corre o mundo dando palestras sobre o pai). Mas a teatralidade faz parte da História, ou pelo menos, da narrativa histórica quando ela toma ares de ideologia política. O mesmo pode ser dito, por exemplo, sobre os guerrilheiros que lutaram aqui no Brasil entre 1968 e 1974; muito embora o governo atual tenha ARBITRARIAMENTE reconhecido os erros do passado e estejamos pagando literalmente por eles. A primeira imagem que fica impressa na retina de quem chega a Havana é a imagem monumental de Che Guevara e sua frase mais famosa (e nem é dele de fato!) 'Hay que endurecerse el corazón pero sin perder la ternura jamás' em vermelho e preto. E isso tem um impacto fortíssimo, principalmente naqueles que trazem no seu discurso a luta contra o FMI (representante do totalitarismo da economia americana). O homem que tem as declarações mais contundentes a respeito de Che é Huber Matos, revolucionário cubano que foi preso por ser anti-revolucionário! Ele estava lá, no dia 1 de janeiro de 1959, sentado ao lado de Che e Castro no primeiro carro da comitiva que entrou em Havana...e passou 20 anos preso.
Acho que Che, como Fidel, devem ser lembrados como dínamos que moveram a História por um tempo. O pensamento dos condicionais deve ser afastado quando pensamos em História. Lidamos diretamente com o que passou. Então, não há condicionalidade, não podemos pensar e se... porque é interpretar, especular sobre algo que não existe. E se a Operação Valquíria tivesse dado certo, Hitler teria morrido mais cedo um ano. Mas não foi assim. Não sou positivista, não sou tão ferrenho ao ponto de dizer que contra fatos não há argumentos. E é ai que entra a ideologia, porque a própria criação do fato é ideológica...o nosso melhor exemplo é o Golpe Militar de 1964. A rigor dos fatos, o golpe aconteceu no dia 1 de abril, dia da mentira. Mas, para não pegar mal, é dito que aconteceu no dia 31 de março...pode?! Pelo visto, pode tudo.

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